quinta-feira, 12 de março de 2009

Kandinsky



Para este primeiro projecto da disciplina de Design e Comunicação Visual que tinha por base conhecer a utilização dos elementos básicos de comunicação visual, sendo eles o ponto, a linha, as formas, o contorno, a textura, a tonalidade e a escala, decidi observar e realizar uma análise do trabalho do famoso pintor abstraccionista Wassily Kandinsky.
Nascido a 4 de Dezembro de 1866, em Moscovo, Kandinsky despertou tardiamente para o mundo das artes, visto que apenas começou a pintar aos 30 anos de idade, aquando de uma vista a uma exposição sobre o expressionismo francês. É então aí ao ver um quadro de Monet que decide começar a pintar, mas desde logo o seu objectivo foi o de retratar os seus sentimentos e emoções e não uma mera representação da realidade. Foi ele que criou a corrente artística do abstraccionismo. Inspirava-se na música e folclore russo.


"A obra reflecte-se na superfície da consciência. Ela encontra-se 'para lá de' e, quando a excitação cessa, desaparece da superfície sem deixar rasto. Existe aí também como que um vidro transparente, mas duro e rígido que impede todo o contacto directo e íntimo. Ainda aí temos possibilidade de penetrar na obra, de nos tornarmos activos e de viver a sua pulsação através de todos os nossos sentidos. Para além do seu valor científico, que depende de um exame dos elementos particulares da arte, a análise dos seus elementos constitui uma ponte em direcção à vida interior da obra."

W. Kandinsky, Ponto e Linha sobre Plano, 1926





Composição VIII é o título desta tela que será provavelmente a mais conhecida de W. Kandinsky.
Arriscar-me-ia a dizer que este quadro é uma criação geométrica, visto que nela podemos observar várias formas da geometria como círculos, semicírculos, triângulos, quadrados, ângulos rectos e agudos e linhas rectas em várias direcções.
Outro aspecto que convém realçar é a importância que o autor atribui à cor. Desde criança que Kandinsky tem um fascínio por este elemento visual, facto que está bem patente neste quadro. O pintor utiliza um fundo claro e tripartido em tons que definem profundidade e conferem algum dinamismo à composição provocando também um contraste de tonalidades entre esse mesmo fundo e os elementos que se sobrepõem, todos eles com cores mais escuras. Kandinsky usa tonalidades diferentes dentro das formas dando energia à sua geometria, como o círculo amarelo com uma auréola azul em oposição ao círculo azul com uma auréola amarela.
Quanto às formas, também se verificam contrastes como o largo círculo no canto superior esquerdo que se evidencia claramente em oposição aos restantes elementos. As linhas e as formas assinalam direcções, ocupam espaços fulcrais que nos permitem focar a atenção em determinados pontos da tela.
A organização dos elementos confere uma harmonia única à composição, captando o lado emocional e espiritual que o artista pretende retratar. Pintada em 1923, a Composição VIII reflecte a influência do Suprematismo (pintura com base nas formas geométricas planas – os rectângulos, os círculos e a cruz – sem qualquer preocupação de representação) e do Construtivismo.


Nesta tela, intitulada Composição X, a componente geométrica não é tão acentuada como na anterior, contudo não são completamente inexistentes.
Mais uma vez a cor assume um papel importantíssimo na interpretação do quadro. Contrariamente ao antecedente, o fundo é preto, uma tonalidade bastante escura, que acaba por realçar os restantes elementos que se encontram representados com tons muitíssimo apelativos para focar a atenção.
Aqui encontramos também várias vezes repetido o ponto, elemento mais básico da comunicação visual que assume diversas tonalidades e tamanhos.
O posicionamento das formas faz com que pareça uma junção dando-nos a perspectiva de um “objecto” como um todo. Contudo, estes mesmos dois “objectos” assumem direcções opostas, sob o meu ponto de vista, que no entanto se tocam e se vão encontrar a dada altura.

“Kandinsky soube, no entanto, manter a teoria nos seus justos limites, sem cair nunca numa pintura que fosse a mecânica execução de uma fórmula”.

3 comentários:

  1. Estimada Liliana,

    Muito embora inicie o artigo com algumas notas biográficas porventura dispensáveis para os objectivos do exercício, julgo que encetou uma análise pessoal bem fundamentada sobre as matérias abordadas nas aulas teóricas (elementos e técnicas da comunicação visual: relação campo e os respectivos elementos).
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    Julgo todavia que pode ainda numa versão "2.0" do artigo enriquecer a sua fundamentação com pesquisa independente, nomeadamente, de alguns autores de referência na área da sintaxe da imagem como a já conhecida Donis Dondis; Rudolph Arnheim; Bruno Munari; et. al.
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    Nota: E porque não aproveitar o weblog para editar a componente prática da disciplina?… Lanço também este desafio!

    Continuação de um bom trabalho,
    Bruno Giesteira

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  2. Há que publicar mais coisas neste blog não achas? =D Coloca a tua composição da música , =)

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  3. olá Liliana,
    etou aprendo a conhecer esses pintores maravilhosos do abstrato , para ajudar meu filho na materia de artes plásticas ( ficou em dependência nesta matéria). Sinceramente fiquei maravilhada com a beleza e alegria que senti em ver essas pinturas. Estarei guiando meu filho , Rodrigo (11 anos) a conhecer também essas belas telas, bom se fosse num museu , mas infelizmente não é possível. Vamos ver pela internet mesmo.
    Parabéns pelo seu trabalho.

    um abraço
    Débora Santos - São João de Meriti - RJ

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