sábado, 9 de maio de 2009

Proposta da Cor

Esta proposta consistia na alteração do significado de um objecto pela manipulção da cor.

Uma das minhas primeiras tentativas foi com um cartaz da Benetton constituído por umas calças de militar e uma t-shirt manchada de sangue. A interpretação mais óbvia é que se refere à morte dos soldados na guerra pretendendo sensibilizar a população para este fenómeno. Decidi então mudar o vermelho da camisola para uma éspecie de amarelo simulando nódoas. Na minha perspectiva, o objectivo e a mensagem do cartaz são completamente alterados, pois assim a ideia que passa pode estar relacionada com o facto de as roupas da Benetton serem até resistentes a qualquer tipo de sujidade.



A imagem seguinte mostra a alteração de um cartaz de cinema sobre o vírus da SIDA. A imagem original consistia num rolo de filme a vermelho formando o laço da SIDA. Mudando-o para cor-de-rosa, cor associada ao cancro da mama, este cartaz muda de sentido, pois a cor do vírus é vermelho.





Fiz o mesmo com estes laços.




Neste exemplo, fui mais uma vez pelo lado real e alterei a cor de um limão transformando-o numa laranja, já que a forma física é similar.




As bebidas também são objectos passíveis de serem alterados pela cor, vejamos o exemplo deste copo de leite que ao ser mudado para laranja se transforma em sumo de laranja.



Na nossa cultura a noiva veste de branco segundo a tradição, portanto decidi alterar para vermelho este vestido, tornando-o num vestido de gala e não propriamente de noiva.




Nos sinais de trânsito a cor desempenha um papel fundamental, pois impera o código da cor. As pessoas sabem que cada cor utilizada corresponde a uma "ordem" específica, portanto achei interessante trabalhar estes elementos.
Usei este sinal de sentido obrigatório, ou seja, é obrigatório virar à direita e todos os condutores sabem disso, pois o azul indica obrigatoriedade. No entanto, o significado perde-se quando o sinal é alterado para amarelo e preto, pois a ideia que passa é a de perigo. O mesmo acontece se optarmos pelo vermelho e branco em que a mensagem é a de proibição.


Cor

A cor é um dos elementos visuais mais relevantes, porque nos transmite uma enorme quantidade de informação. Não possui apenas uma questão estética, serve para distinguir, entender, simbolizar e identificar. A percepção da cor é muito importante para a compreensão de um ambiente e através da combinação de tonalidades podem ser criados diferentes atmosferas e até distintas sensações no ser humano.
A cor é percebida através da visão, na qual intervêm o cérebro, os olhos e o corpo. Ela é para nós algo tão natural e familiar que se torna difícil compreender que ela não corresponde a propriedades físicas reais, mas sim à representação interna, a nível cerebral. Ou seja, os objectos não têm cor, esta corresponde a uma sensação interna provocada por estímulos físicos da natureza que dão origem à percepção da mesma cor por um ser humano.
A cor não tem só a ver com os olhos e com a retina, mas também com a informação presente no cérebro. Dependendo da iluminação, a cor do objecto pode ser ligeiramente deturpada, no entanto vemo-lo com a cor correcta, porque é um objecto de que conhecemos a tonalidade original.
Se usarmos durante algum tempo óculos com lentes coloridas, quando os tiramos passamos a ver os objectos dessa mesma cor. O cérebro aprendeu a corrigir a cor com que «pinta» os objectos para eles terem a cor que se lembra que eles têm e demora algum tempo a perceber que deve depois deixar de fazer essa correcção.
O que vemos não é exactamente «o que está lá fora», mas corresponde a um modelo simplificado da realidade.
Quando se fala de cor, há que distinguir entre a cor obtida aditivamente (cor luz) ou a cor obtida subtractivamente (cor pigmento).
No primeiro caso, chamado de sistema RGB, temos os objectos que emitem luz (monitores, televisão, Sol, etc.) em que a adição de diferentes comprimentos de onda das cores primárias de luz Vermelho + Azul + Verde = Branco.
No segundo sistema (subtractivo ou cor pigmento) iremos manchar uma superfície sem pigmentação (branca) misturando-lhe as cores secundárias da luz (primárias); Ciano + Magenta + Amarelo. Este sistema corresponde ao "CMYK" das impressoras e serve para obter cor com pigmentos (tintas e objectos não emissores de luz). Subtraindo os três pigmentos temos uma matiz de cor muito escura, muitas vezes confundido com o preto.
A principal diferença entre um corpo azul (iluminado por luz branca) e uma fonte emissora azul é de que o pigmento azul está a absorver o verde e o vermelho reflectindo apenas azul enquanto que a fonte emissora de luz azul emite efectivamente apenas azul. Se o objecto fosse iluminado por essa luz ele continuaria a parecer azul. Mas, se pelo contrário, ele fosse iluminado por uma luz amarela (luz Vermelha + Verde) o corpo pareceria negro.
Na Natureza amarelo, azul e vermelho são as cores de onde todas as outras se originam a partir das suas combinações: amarelo + azul = verde vermelho + amarelo = laranja azul + vermelho = roxo.
A combinação de cores primárias forma cores secundárias, que combinadas com cores secundárias formam cores terciárias e assim por diante.
Quanto mais próximas as cores se situam no círculo cromático, mais parecidas são, quanto mais afastadas , mais diferentes. As que se situam do lado oposto são as chamadas cores opostas ou complementares (laranja/azul, roxo/amarelo, vermelho/verde).



Existem diversas cores à nossa disposição, cada uma delas divide-se em milhões de outras, digamos de forma simplista.
Podemos também dizer que cada cor possui três qualidades que nos permitem distingui-las: Matriz ou cor (hue), valor ou tom (value ou tone) e saturação (saturation, chroma ou brightness).
A primeira, é o que distingue uma cor da outra, é o nome genérico da cor (vermelho, azul, verde, etc).
Uma só tonalidade tem inúmeras variações da sua cor pura entre o claro e o escuro e a isto se chama de valor ou tom. Este altera-se quando é adicionado preto ou branco.
O último elemento está relacionado com a luminosidade, isto é saturação ou intensidade. Uma cor de grande intensidade é uma cor brilhante, enquanto uma de pequena intensidade é baça.
Uma cor misturada é menos brilhante e menos intensa do que uma cor pura.
Existe também outro elemento, a chamada temperatura de cor, em que as cores parecem mais quentes à medida que o amarelo diminui e o vermelho aumenta e vice-versa. O azul é muito frio, enquanto o verde se torna um pouco mais quente devido à adição do amarelo.
O contraste da cor também surte efeitos curiosos como é o exemplo de letras com a mesma cor em fundo claro parecem mais claras do que num fundo escuro, quando na realidade são exactamente a mesma.
Como todos nós sabemos, a cor é algo que nos desperta diferentes sensações e em diversas culturas cada cor tem o seu significado, a isto chamamos a psicologia da cor.
A percepção da cor de cada individuo é a combinação das suas características psicológicas e culturais, não significando, no entanto, que cada pessoa percebe a cor de modo diferente.
De forma geral, os vermelhos amarelos e laranjas são cores quentes que nos despertam sentimentos de estímulo, perigo, boa-disposição, etc. Por outro lado, os verdes e azuis são cores frias associadas à calma, paz, tranquilidade, etc.
Vejamos então o significado de cada uma delas, detalhadamente.
Branco é a cor da luz e da pureza está ligado à perfeição, inocência, casamento, paz, simplicidade, santidade, suavidade, limpeza, virtude, verdade, solidão e fragilidade. No Japão e na China é a cor do luto. Na índia as mulheres que vestirem branco convidam a infelicidade. É a cor dos deuses e dos anjos.
Sol e ouro são elementos directamente associados ao amarelo. Temos também a sabedoria, o optimismo, a alegria, a esperança (Inglaterra), riqueza, idealismo, concentração, inveja, fraude, perigo, doença, fraqueza. No Egipto significa luto e no Japão está associado à coragem. É a primeira cor que o ser humano percebe e é também a mais cansativa, podendo irritar os olhos. É por isto que o amarelo surge como cor de aviso, pois é a cor vista em primeiro lugar. Por outro lado, o amarelo claro ajuda a melhorar a concentração, sendo bastante usada nos post-it.
O laranja associa-se à criatividade, energia, saúde, actividade, extravagância, equilíbrio, entusiasmo, barulho. Na Índia laranja significa Hinduísmo, na Holanda è a cor Nacional devido à monarquia oriunda de Orange-Nassau. As divisões pintadas desta cor fazem as pessoas falar e pensar, sendo também propícias à amizade e divertimento.
O vermelho está associado ao amor, paixão, sangue, sexualidade, fogo, perigo, energia, calor, revolução, sorte, agressividade e crueldade, entre tantas outras situações e sentimentos. Na África do Sul é a cor do luto, enquanto na nossa sociedade é impensável vestir vermelho na morte de alguém que nos é próximo. Na Ásia esta cor esta relacionada com o casamento, prosperidade e felicidade. É a cor mais dominante a nível visual, tem um carácter intenso e agressivo.
O roxo está ligado à realeza, inspiração, espiritualidade, classe, luxúria, sabedoria, imaginação, sofisticação, criatividade, dor, crueldade, loucura e exagero. Na América Latina e na Tailândia, roxo indica morte e luto. Raro na Natureza o roxo parece artificial. Diz-se que estimula a imaginação e por ter uma qualidade romântica e feminina que é por vezes associada à homossexualidade feminina. Antigamente os tintos roxos eram caros, estando portanto acessíveis apenas à Nobreza.
Azul é a cor da água e do céu, associando-se à frescura, harmonia, conhecimento e inteligência, lealdade, justiça, confiança, masculinidade, confidência e conservadorismo. Pelo lado negativo, está ligado à depressão, austeridade, frieza. Azul é a cor mais popular em todo o mundo, no entanto adquire significados diferentes em algumas zonas. No irão é a cor do luto. Normalmente é associada aos rapazes, mas na China é uma cor feminina. Alimentos azuis são raros, portanto é natural que as pessoas tenham aversão por alimentos desta tonalidade. Diz-se que salas azuis aumentam a produtividade das pessoas.
Verde é a cor indissociável da Natureza e do ambiente. Transmite calma, frescura e harmonia. Associa-se à fertilidade, sucesso, honestidade, desenvolvimento , juventude, sorte, esperança, inveja, veneno, inexperiência, avareza, ganância. No Islão está associado ao Paraíso. Na cultur Celta o deus da fertilidade era Verde. Esta é a cor que causa menos irritabiliade nos olhos e isto pode explicar o facto de ser tão relaxante olhar a Natureza. É uma cor permissiva (semáforos).
O preto está ligado à noite, morte, poder, elegância, solidão, mistério, formalidade, dignidade, seriedade, autoridade, sofisticação, medo, maldade, luto, remorsos, ódio, negatividade, anonimato, azar, raiva. Na China preto é para os meninos, na Ásia está associado coma carreira, luto e penitência . Preto é muitas vezes associado a sociedades secretas e faz as pessoas parecerem mais magras.
Podemos então alterar o significado de um objecto apenas pela manipulação da cor? Esta é a questão se impõe.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Exemplos de Tipografia









Tipografia

Tipografia é algo mais que o desenho das letras. É a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente.
As letras estão por toda a parte e assumem funções que por diversas vezes nos passam ao lado. Há muito que deixaram de ser apenas formas de informação, como os jornais e revistas, os nomes das marcas nas embalagens, os cartazes escritos à mão nas janelas do talho, etc. A tipografia actualmente ultrapassa a sua funcionalidade que assenta na legibilidade. Importam agora questões como a estética, a identificação e o reconhecimento, como por exemplo no caso das marcas que procuram um tipo de letra que se identifique com o produto que promovem e que o público associe facilmente. Para além disto, as letras podem despertar diferentes emoções.
A tipografia faz parte do design gráfico e neste campo, o interesse é visual, sendo para isso necessária a escolha adequada de cada elemento numa composição, como a fonte, a cor do texto e do fundo e os restantes elementos gráficos. Têm de, basicamente, formar uma certa harmonia e ir de encontro ao objectivo para que foi criada. Para além disto, as letras podem despertar diferentes emoções e até criar histórias, como é possível ver a seguir.







Este vídeo de Alex Gopher, intitulado The Chil, é um dos exemplos de que a tipografia não serve apenas para ser usada em textos. Aqui as letras são a base de tudo, criam e guiam-nos na história.
Todos os aspectos são aproveitados para transmitir a mensagem, sendo a tipografia o elemento principal. Alguns objectos são constituídos por palavras que representam o ícone. Por exemplo, os carros são representados pela palavra “CAR”, os táxis pela palavra “TAXI”, a mulher pela palavra “WOMAN”, o homem pela palavra “HUSBAND” e o hospital pelo simples “H”, embora acompanhado pela expressão “Central Hospital”. Os edifícios são formados por letras, bem como a ponte.
A cor também assume um papel de destaque visto que associa ao objecto a sua tonalidade característica como no caso do táxi amarelo, das letras representativas da mulher serem rosa e as do homem azuis.
A agitação própria de uma grande cidade é reproduzida pelo movimento operado pelas palavras. A ocorrência de um acidente rodoviário é perceptível pelo choque de algumas palavras. A deturpação das letras de uma das palavras “CAR” sugere a ideia de ferimentos, agravada pela cor vermelha que alude ao sangue.
Grandes, pequenas, redondas ou mais quadradas, na horizontal ou na vertical, com movimento ou não, todas as palavras presentes neste clip têm a sua função, mostrando que a tipografia pode ter um papel bem mais interessante do que aquele a que estamos habituados.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Nova Versão



Tal como referi no post anterior, vou publicar uma nova versão do trabalho.
Nesta composição tive em atenção elementos que, sob o meu ponto de vista, não estiveram em conformidade com a música escolhida na outra produção. Assim, simplifiquei esta nova composição para uma melhor orientação no espaço e percepção dos elementos aglomerados.
A primeira fase da sequência é o quadrado que pretende representar o mundo observado pelo sujeito, ou seja, o arco-íris, as nuvens e os pássaros no céu.
No céu apliquei um azul claro para transmitir tranquilidade e uma certa harmonia, visto que este tema é bastante calmo. Para as nuvens e pássaros recorri ao contorno. O círculo que se encontra ao centro é uma representação do mundo, o mundo que ele idealiza estar atrás do arco-íris e é nesse sentido que se justificam os três círculos brancos, dando a ideia que se trata de um sonho.



Para o círculo limitei-me a copiar o anterior, fazendo o paralelismo entre as duas etapas da sequência, ou seja, num primeiro momento a personagem encontra-se no seu mundo real (quadrado) imaginando um lugar onde tudo seria perfeito e em comunhão com a Natureza, lugar esse que surge depois (círculo).
Aqui, ela vê-se rodeada por flores vermelhas, pássaros voando à sua volta, parecendo esquecer-se de tudo o resto.
O alheamento da realidade e a vontade de viver num mundo agradável são para mim as ideias-chave que procurei retratar nestas duas composições.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Somewhere over the rainbow

Somewhere over the rainbow
Way up high
And the dreams that you dreamed of
Once in a lullaby ii ii iii
Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dreamed of
Dreams really do come true ooh ooooh
Someday I'll wish upon a star
Wake up where the clouds are far behind me ee ee eeh
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney tops thats where you'll find me oh
Somewhere over the rainbow bluebirds fly
And the dream that you dare to,why, oh why can't I? i iiii

Well I see trees of green and
Red roses too,
I'll watch them bloom for me and you
And I think to myself
What a wonderful world

Well I see skies of blue and I see clouds of white
And the brightness of day
I like the dark and I think to myself
What a wonderful world

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people passing by
I see friends shaking hands
Saying, "How do you do?"
They're really saying, I...I love you
I hear babies cry and I watch them grow,
They'll learn much more
Than we'll know
And I think to myself
What a wonderful world (w)oohoorld

Someday I'll wish upon a star,
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney top that's where you'll find me
Oh, Somewhere over the rainbow way up high
And the dream that you dare to, why, oh why can't I? I hiii ?




Para esta primeira proposta que consistia na elaboração de uma composição que retratasse uma música através do uso de elementos básicos da comunicação visual eu escolhi “Somewhere over the rainbow” de Israel Kamakawiwo'ole. Esta fala essencialmente da necessidade de abstracção da dura realidade e a procura de um mundo aproximado da perfeição. Para a personagem esse mundo está para além do arco-íris. Lá os elementos da Natureza estão em harmonia com todo o espaço envolvente criando um clima de tranquilidade no qual se pode apreciar o quanto o mundo é maravilhoso.



Da minha interpretação deste tema resultou a seguinte composição:





Cada elemento tem uma função.
Usei bastante a cor para fazer uma alusão à vivacidade da Natureza.
O arco-íris justifica-se pela importância que ele representa ao longo da música.
Recorri também a quatro círculos que no seu conjunto formam uma flor. No centro, a fotografia de pessoas em grupos pretende realçar a amizade que é focada neste tema. As outras duas fotografias são elementos da Natureza.
Por fim, os pequenos rectângulos a desaparecerem servem como uma espécie de escada para o lugar idealizado por detrás do arco-íris para um lugar confuso e desconhecido representado pelos quadrados e círculos sobrepostos.
No entanto, e apesar de para mim, todos os elementos utilizados terem uma lógica e razão para entrarem na composição, penso que esta não se adequa na totalidade à essência da música e por isso pretendo realizar uma nova versão deste trabalho.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Kandinsky



Para este primeiro projecto da disciplina de Design e Comunicação Visual que tinha por base conhecer a utilização dos elementos básicos de comunicação visual, sendo eles o ponto, a linha, as formas, o contorno, a textura, a tonalidade e a escala, decidi observar e realizar uma análise do trabalho do famoso pintor abstraccionista Wassily Kandinsky.
Nascido a 4 de Dezembro de 1866, em Moscovo, Kandinsky despertou tardiamente para o mundo das artes, visto que apenas começou a pintar aos 30 anos de idade, aquando de uma vista a uma exposição sobre o expressionismo francês. É então aí ao ver um quadro de Monet que decide começar a pintar, mas desde logo o seu objectivo foi o de retratar os seus sentimentos e emoções e não uma mera representação da realidade. Foi ele que criou a corrente artística do abstraccionismo. Inspirava-se na música e folclore russo.


"A obra reflecte-se na superfície da consciência. Ela encontra-se 'para lá de' e, quando a excitação cessa, desaparece da superfície sem deixar rasto. Existe aí também como que um vidro transparente, mas duro e rígido que impede todo o contacto directo e íntimo. Ainda aí temos possibilidade de penetrar na obra, de nos tornarmos activos e de viver a sua pulsação através de todos os nossos sentidos. Para além do seu valor científico, que depende de um exame dos elementos particulares da arte, a análise dos seus elementos constitui uma ponte em direcção à vida interior da obra."

W. Kandinsky, Ponto e Linha sobre Plano, 1926





Composição VIII é o título desta tela que será provavelmente a mais conhecida de W. Kandinsky.
Arriscar-me-ia a dizer que este quadro é uma criação geométrica, visto que nela podemos observar várias formas da geometria como círculos, semicírculos, triângulos, quadrados, ângulos rectos e agudos e linhas rectas em várias direcções.
Outro aspecto que convém realçar é a importância que o autor atribui à cor. Desde criança que Kandinsky tem um fascínio por este elemento visual, facto que está bem patente neste quadro. O pintor utiliza um fundo claro e tripartido em tons que definem profundidade e conferem algum dinamismo à composição provocando também um contraste de tonalidades entre esse mesmo fundo e os elementos que se sobrepõem, todos eles com cores mais escuras. Kandinsky usa tonalidades diferentes dentro das formas dando energia à sua geometria, como o círculo amarelo com uma auréola azul em oposição ao círculo azul com uma auréola amarela.
Quanto às formas, também se verificam contrastes como o largo círculo no canto superior esquerdo que se evidencia claramente em oposição aos restantes elementos. As linhas e as formas assinalam direcções, ocupam espaços fulcrais que nos permitem focar a atenção em determinados pontos da tela.
A organização dos elementos confere uma harmonia única à composição, captando o lado emocional e espiritual que o artista pretende retratar. Pintada em 1923, a Composição VIII reflecte a influência do Suprematismo (pintura com base nas formas geométricas planas – os rectângulos, os círculos e a cruz – sem qualquer preocupação de representação) e do Construtivismo.


Nesta tela, intitulada Composição X, a componente geométrica não é tão acentuada como na anterior, contudo não são completamente inexistentes.
Mais uma vez a cor assume um papel importantíssimo na interpretação do quadro. Contrariamente ao antecedente, o fundo é preto, uma tonalidade bastante escura, que acaba por realçar os restantes elementos que se encontram representados com tons muitíssimo apelativos para focar a atenção.
Aqui encontramos também várias vezes repetido o ponto, elemento mais básico da comunicação visual que assume diversas tonalidades e tamanhos.
O posicionamento das formas faz com que pareça uma junção dando-nos a perspectiva de um “objecto” como um todo. Contudo, estes mesmos dois “objectos” assumem direcções opostas, sob o meu ponto de vista, que no entanto se tocam e se vão encontrar a dada altura.

“Kandinsky soube, no entanto, manter a teoria nos seus justos limites, sem cair nunca numa pintura que fosse a mecânica execução de uma fórmula”.